E o Oscar de melhor drama vai para...

Estava conversando com uma amiga, ela me contava como tinha sido o exame que precisou fazer, comentou que a enfermeira coletou 34 (34!!! EU DISSE TRINTA E QUATRO!!!) frascos de sangue. Imediatamente me recordei de um momento da minha vida que aconteceu a pouquíssimos anos atrás, uns 16 mais ou menos (ai minhas costas).

Eu, sempre inocente, me sentava de frente para a mesa do professor na sala. Um dia, entre uma aula e outra, um colega que sentava do meio pro fundo da sala pediu uma caneta e eu, sempre boazinha, joguei pra ele. 

Só que a pessoa que vos escreve é um tico sem noção e sem mira alguma, a caneta foi muito para o fundão da sala, mas foi que foi com gosto mesmo, e óbvio que meu colega me olhou confuso e descrente do que acabara de ocorrer. Eu, sempre prestativa, fui buscar a caneta que voou sem rédeas, a caneta que buscava um sentido para sua vida enquanto cantava “I believe I can fly”, pura em seus desejos de apenas registrar em papel tudo aquilo que seu detentor mais almejava com louvor, sem falhas, sem precisar do tão odiado “branquinho”, o vilão das esferográficas. 

Meu colega, não querendo que eu trilhasse esse caminho efêmero sozinha, me acompanhou na busca da tão aguardada caneta. Achei fofo.

Porém, essa fofura se findou em poucos segundos. Ao mesmo passo que eu estava, ele também estava, e no momento que me abaixei, ele se mostrou mais rápido que eu. Sua cabeça que havia se abaixado primeiro que a minha, na mesma rapidez que se foi, voltou. 

Vi estrelas, passarinhos, gnomos, a Xuxa e os duendes. A lua me traiu.

Meu nariz doía e latejava, eu só conseguia pensar “Tomara que eu precise fazer uma cirurgia plástica.”. Como não consegui prestar atenção a aula que se iniciou, pedi para falar com a coordenadora pois não me sentia bem. Minha mãe logo veio ao meu socorro.

Chegamos no hospital e aguardamos atendimento. Depois de algumas horas, o médico finalmente chamou e entramos na sala. Imediatamente ele pediu um raio-x e fui encaminhada para a outra sala. Poucas horas passaram e o exame estava pronto. Meu pensamento era o mesmo, “Tomara que tenha quebrado”, dedos cruzados.

O doutor pegou a chapa, colocou num quadro e apertou um botão. O quadro se iluminou inteiro, ele apontou para a região nasal e constatou, tudo normal. 

Para ajudar na minha infelicidade, ele prescreveu um medicamento que deveria ser injetado em minha veia. Queria eu ter desmaiado e só acordado em casa mais tarde. 

Fui tranquilamente até a enfermaria (depois de 30 minutos tentando fugir da minha mãe que gritava pelo hospital “Pega essa menina!!!”), e entreguei o papel para o enfermeiro que ali estava.

O cara tinha 3 metros de altura + 3 de largura de puro músculo. Perdi as esperanças de tentar fugir novamente. Ele pediu para que eu entrasse e fosse para a lateral da sala onde havia uma cortina e uma cadeira. Me sentei na cadeira e levantei a manga da camisa. Inocente.

Poucos minutos depois o enfermeiro robusto volta com a seringa, dando leves petelecos, ele olha em meus olhos e com sua voz grave, diz “Se levante, por favor”. Não entendi a frase e continuei sentada achando que ele tinha sido acometido por algum engano. Ele repetiu e mesmo sem entender me levantei, segurando a manga da camisa. O enfermeiro, percebendo que ainda havia esperanças em mim, disse: “Moça, é na nádega”. Fiquei 5 minutos olhando sem foco na direção dele.

Eu não sei vocês mas eu não gosto de agulha e ter que mostrar a nádega fica ainda mais difícil a situação.

Me surpreendi, após a agonia de ter um cara gigante passando algodão com álcool no meu bumbum, não senti a agulha. Porém, minha perna endureceu. Agradeci o Golias e me fui, mancando com a perna dura, e rindo, tanto da situação quanto da dor que me queimava o membro inferior direito.

Minha mãe, claramente gargalhando da minha situação, me levou de volta pra casa sã e salva.


Lição de hoje: não empreste canetas.

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